quarta-feira, 3 de julho de 2013

Chega

Se eu hoje, bater a tua porta, Não perguntes nada, deixa-me entrar. Não tentes falar em sexo, carência, desejos. Cala-te e olha para mim: Acordei despido, frio, demasiado sozinho. Talvez precise de alguém para partilhar O sabor do dia, o arrepiar dos sentidos, As palavras e sentimentos contidos, E simplesmente essa vida… Há dias assim, Quando a realidade aperta e dói mais, E das minhas mãos um bando de palavras Voa até ti, Por favor, deixa-me entrar. O nosso amor nem é drama nem comédia é uma mistura de tudo. Porque se nascemos num instante e num instante morremos , para nós um instante chega para a vida inteira.

culpa

Culpas tenho muitas... Em cada dia sou culpado de me refugiar na minha concha e fechar os olhos ao sofrimento de outra pessoa, sem lhe dizer sequer um "olá". Sou culpado de, quando me acho injustiçado, de mover céus e terra, à procura da justiça que me encha o ego. Esqueço-me que o meu "id" é tão obscuro que, ao ser tocado, atinge em fúria e faz elevar o "superego" em alturas incontroláveis. Sou culpado de aceitar compromissos que só a mim me satisfazem e de esquecer de satisfazer os outros. Sou culpado de nunca pedir desculpas quando as minhas emoções aparecem, positiva ou negativamente, e esse vibrar é um epicentro que faz ruír os sentimentos e as emoções de certas pessoas. Sou culpado de guerrear o amor, se este amor quebrar a linha da perfeição, esqueço-me que sou o mais imperfeito de ambos. Sou culpado de acusar o mundo que me pressiona e me asfixia, me põe doente e me interroga, exigindo a minha resposta exata, sabendo das minhas fraquezas, e da revolta constante sobre as suas injustiças e injustificações. Sou culpado de renegar a morte não natural, a da vida alucinatória, as guerras "justificadas" ou "injustificadas" (nenhuma é justificável), mas matei, fui ferido, humilhei e fui humilhado, reagi prontamente a qualquer solicitação, forçada ou voluntária. Sou culpado de confrontar quem me desafia e esqueço-me que esses desafios podem ser gritos de socorro que me pedem uma acção e de compreensão. Sou culpado de transformar os meus sonhos em pesadelos, consciente ou inconscientemente, e gritar os meus medos, as minhas raivas, as minhas derrotas, como se fosse eu o único ser no mundo que os tem. Sem desculpas, sou assim...

Silêncio

Pensei que já compreendia o meu silêncio, mas só agora é que me dei conta do seu verdadeiro valor. Só agora o entendo, como nunca entendi. Quando penso que já compreendia algo do teu silêncio chego à conclusão que não conheço nada dele, que nem tu o conheces. É difícil conhecermos-nos... Isso requer tempo para ver as coisas de outra perspectiva que não a nossa. Precisa que os erros cometidos pelo caminho sejam compreendidos. Exige força para superar as fraquezas que nos fragilizam nos piores momentos e sabedoria para saber pedir desculpa no momento certo, ainda que isso nos pareça um passo muito grande. És a pessoa em quem mais tenho pensado, dando voltas ao pensamento sobre tudo o que se passou ou passa já não sei. O som das palavras que foram ditas ainda espera ser explicado, a ferida ficou aberta. O silêncio das palavras que esperam ser ouvidas deixou um buraco, que não fecha, no meu coração. Dizem que o tempo vai apagando tudo mas, até agora, ainda não deixei de ouvir uma única palavra que foi dita. O eco de cada uma delas está presente nas horas que se arrastam em dias longos que não querem passar. Estupidamente, apesar de tudo, tenho saudades tuas e não me envergonho de dizê-lo. Há uma réstia eterna de algo que sempre foi verdadeiro em nós e que nunca desaparecerá de mim. És especial, tens um valor que nunca mais ninguém terá para mim. Ajudaste-me a crescer, a ver os meus defeitos como algo superável. Na realidade tornaste-me melhor ao fazer-me ver que nada na vida é mais importante do que eu. Aliás continuas a fazê-lo. Hoje resta-me aquela pena… pena que não tenhas ouvido os teus próprios conselhos e que não tenhas crescido com eles, tal como eu fiz após tanta insistência tua. Mas eu cresci. Cresci por mim,por ti, cresci porque estava na hora de seguir um caminho diferente daquele que me estava a sufocar. Nunca gostei de pressões. Isso faz-me mal. Faz-me sentir coisas que me tiram o norte. Então mudei mas mudei por mim. Mudei porque estava na altura de voltar a encontrar-me, a encontrar o meu silêncio e aquela calma interior que vinha a perder ao lado nos nossos problemas que tem fugido com o seu tempo Nunca duvides daquilo que te disse… não foram meras palavras deitadas cá para fora. Foram as mais sinceras que poderias esperar de mim. Talvez um dia vejas o verdadeiro significado de todas elas e percebas que aquilo que disse foi apenas uma ajuda para veres o mundo de um modo diferente daquele que gira em ti, porque tens um mundo a girar a tua volta e por vezes não te apercebes de tal coisa. Não sei pedir-te desculpas porque um dia já usei todas contigo, até mesmo aquelas que nunca precisaria ter pedido por achar que não devia desistir de ti. Não sou orgulhoso digo eu. Sou direto demais naquilo que digo, o que para muitos é um defeito. Lamento dizer-te mas considero isso a minha maior qualidade. Tenho pena que não vejas as minhas críticas como algo construtivo. Não venhas depois dizer que nunca ninguém te ajudou porque estive sempre aqui e continuarei a estar mesmo que me digas para desaparecer.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Invenções

Escrever é primeiramente uma arte. Arte de unir palavras e emoções transformando-as em sentimentos escritos. É uma forma de demonstrar sentimentos tão íntimos que somente ao papel quem escreve tem coragem de confidenciá-los. Também é uma maneira de conjugar com o mundo, um pouco do que está implícito no pensamento do autor, escrever nada mais é que observar a vida e admirar cada detalhe por menor que seja, e assim sentir paixão por tudo que rodeia o universo de quem escreve.