sexta-feira, 9 de novembro de 2018

A minha grande e pequena MULHER

Foi mais ou menos em Julho que a conheci.
Primeiramente, foi num hospital o primeiro encontro, já de si, estranho. Mas o que é diferente pode ser bom.
Conhecia-a estava ela de sapatilhas, mas passado muito tempo já só a via de pantufas. Durante muito tempo, o que considero pouco, foram muitas as vezes que ri de toda a sua parvoíce genuína, chegamos a chorar de rir juntos. As brincadeiras dela faziam todo o sentido, mas mesmo que não fizessem, passavam automaticamente a fazer, era ela.
Fiz questão de memorizar todos os sorrisos dela em fracções de segundos, que afinal foram horas, dias, semanas, meses e mais tarde, anos.
Posso garantir que quando estávamos juntos, vivíamos dias em poucas horas, nessas horas ainda podíamos viver meses. Mentiria se dissesse que nunca contávamos as horas para estar juntos, isso realmente acontecia.Também mentia se dissesse que nunca contávamos à quantos dias estávamos juntos.
Chegou uma altura da nossa vida que poderia dizer que estávamos a tentar fugir de tudo e inclusivamente um do outro, mas, só queríamos estar juntos. Fugíamos sim, mas pelos vistos a vida ou o destino só nos juntava cada vez mais.
Ela, não gostava de conversar tanto como eu, mas nunca houve um problema que não fosse resolvido com uma conversa.
Ela ouvia, eu falava, ela falava e eu ouvia. Sempre assim, nada perfeito, mas equilibrado. Não precisávamos de permissão para ouvir ou falar de qualquer coisa, quando digo qualquer coisa, era mesmo qualquer coisa. Desde o primeiro dia que só a queria ver sorrir, quando ela chorava, que nem foram assim tantas as vezes, eu ria-me, porque aparentemente não tinha motivos para soltar aquelas lágrimas do nada.
Posso dizer que começamos por nos estudar um ao outro. Éramos duas pessoas completamente diferentes, vidas diferentes e talvez opostas, espaços de vivência diferente, ideologias de vida compatíveis. Começamos por perceber o que poderia mudar na vida um do outro, o que nos fazia falta.
Este encontro não poderia ser apenas mais um, não poderia ser apenas mais uma relação de uns meses que depois cada um seguia a sua vida, sem nunca mais se falar.
Comecei por mostrar todo o meu sentimento por ela, por palavras e por atitudes, pode ser a forma correta ou não, mas para mim foi a indicada naquela altura, pelos vistos deu frutos. Ambos começamos por tentar organizar a vida de cada um, as horas que passavam à nossa frente era sempre um desafio. Os amigos, os conhecidos e principalmente os inimigos vestidos de amigos... Aos poucos fomos-nos tornando muito compatíveis, a nível emocional, sentimental.
Ambos tínhamos a vida virada do avesso, sem grandes expectativas de um futuro, ou até mesmo de apenas um dia positivo. As coisas foram mudando e ela conseguiu em pouco tempo dar-me uma luz na minha cabeça. Afinal o amor era isto e eu desconhecia, pensei saber o que era o amor, assim como ela julgo nunca ter sabido antes de toda esta história de AMOR.
Penso que foram as pequenas coisa que ela me deu, que me fez acreditar no amor, que ela tinha por mim.
Ela completou a minha colecção de pacotes de açúcar, ela ofereceu-me um cinzeiro para deixar de fumar, ela ofereceu-me uma camisola que nunca na vida pensei ter, todas as coisas materiais que ela me deu, foram de encontro ao que eu sou como pessoa, não foram apenas prendas que se dá nos anos nem no natal. Foram prendas de sentimento, mesmo sendo coisas materiais.
Nunca ninguém me conheceu como ela me conhece. Nunca ninguém me completou antes, nunca ninguém me amou daquela forma, nunca ninguém antes levaria um tiro para salvar a minha pele.
Outras coisas que me fizeram ama-la mais foram todas as ações que teve comigo. Em primeiro lugar, só lhe devo respeito e mais respeito, deixou muitas vezes os amigos, a família, para puder ir simplesmente a uma consulta médica comigo, apenas de rotina, mas ela estava lá. Ela estava lá também quando eu caía das escadas e me magoava, mas ela estava lá, esquecia as dores. porque ela não me deixava sentir nada que não fosse amor e cumplicidade. Ela esteve lá quando estive numa cama de hospital durante uma semana, não houve um dia que ela lá não estivesse, nunca me falhou, tinha explicações para os exames, entrava de manhã, quando saia a sua hora de almoço era passada comigo no hospital, muitas dessas vezes sem comida no estômago. Se isto não é amor, não sei o que será, mas também acho que não preciso de saber, este amor é ótimo.
Sei, que eu também fiz coisas boas ao longo deste tempo, para retribuir todo este amor que me foi dado, fiz surpresas, fui vê-la dançar sempre que podia, fui aos momentos mais importantes da vida pessoal dela, estive sempre presente, da maneira que conseguia, estive junto dela nas conquistas, mas mais que tudo, estive com ela nos fracassos.
Tentei sempre dar o melhor de mim para ver o melhor dela. Porque tudo nela para mim era sempre o melhor. Ainda hoje não sei como te mereci. Não sei, a vida ainda nos irá explicar certamente qual o nosso caminho nesta vida.
Passando à frente, ela gosta dos dias de sol, eu não, mas ela ensinou-me a gostar de estar um dia sem fazer nada, coisa que nunca consegui fazer com ninguém. Com ela era tudo demasiado confortável, pensar e estar tudo bem, não ter nada para resolver, e se tivéssemos resolvíamos. Nada ficava para trás, durasse o tempo que durasse, tudo se resolvia.
Era ela com quem queria criar memórias pelo mundo fora.
Passado alguns meses, sem saber, tinha ali tudo, sem saber. Pedi-lhe em namoro. Afinal de contas, já nos tínhamos pedido em namoro sem perceber. Estávamos os dois no mesmo nível de relação, penso que sempre tivemos.
Ela conquistou tudo, a minha vida, a minha alma, os meus amigos (amigos), parte da família, até os meus animais de estimação ela conquistou. Neste momento, gostam mais dela do que de mim, mas não é muito fácil.
Ela, é perfeita a fazer planos, a dançar, fazer contas, é capaz de servir comida sem saber se alguém está com fome. Ela é uma anfitriã de primeira classe, não precisa de fazer grande esforço, ela é assim mesmo.
Hoje agradeço por ela ser assim, perfeita na sua imperfeição, porque eu era uma péssima pessoa em vários aspectos, achava-me era muito bom.
Agora, passaram seis anos, dois meses e alguns dias, e posso dizer que tenho a melhor companhia para dormir, para rir, para chorar, gritar, fazer recitas inventadas durante o dia ou durante a noite, cantar músicas de séculos anteriores.
Vivemos juntos, temos animais de estimação, construímos, destruímos, erramos nas receitas, queimamos a comida, viajamos, rimos, discutimos, berramos, jogamos ao toca e foge. No fundo vivemos sem medo de nos tornarmos vulgares e aborrecidos um para o outro.
Posso dizer ainda mais, ela sempre acreditou em mim, desde o nosso primeiro encontro que não existiu mais nenhum, não foi um encontro. Ela sempre acreditou que eu poderia correr a maratona, que podia carregar pesos de 100kg, acreditou que eu podia ter o meu emprego de sonho, acreditou apenas em mim, e acreditou tanto em mim, que ficava a fazer força para que eu acreditasse sozinho, foi isto que ela fez.
Eu para ela era e sou um ser humano, não sou um brinquedo como muita gente me fez acreditar. Isso é raro, ela é rara.
Ela consegue ver algo bonito em mim, ela vê-me bonito mesmo eu ter engordado, mesmo quando não me arranjo e tenho caspa no cabelo, quando me visto mal, ela continua a achar-me bonito. Ela quer e gosta que eu acima de tudo esteja confortável comigo assim como com a vida. Ela não tem opinião sobre como eu devia sair vestido ou do modo como estou penteado, ela prefere que eu me sinta bem como estou, que me faça sorrir quando olhar para o espelho, mesmo que seja para dizer que estou vestido de uma forma de merda.
Ela já me deu bastantes silêncios, palavras, olhares. Deu-me o tempo dela, deu-me o aperto de mão e de seguida um grande abraço. Foi ela que me ensinou a abraçar, mas na realidade, os nossos mundos tornara-se num aconchego. Foi assim, fácil, ela ama-me pelo que eu sou, ama o meu lado sincero, ama o meu lado mais triste ao me lado mais sem controlo.
Ela sabe o que me irrira, o que me tira a respiração, seja de alegria ou de desespero, ela sabe. Ela sorri quando eu sorrio, mesmo quando não sabe o motivo. Ela é feliz por mim, raridade, nunca ninguém fica feliz pelo outro. Ela chora as minhas dores, e não me deixa lutar pelas minhas batalhas sozinho. Acima de tudo, ela é minha amiga, uma parte mais profunda de mim que eu não conhecia. Neste momento da nossa vida, tenho-a na minha carne, na minha pele, no meu coração. Tenho-a no cheiro da roupa que dividimos todos os dias. No nosso mundo só existe espaço para o mundo dos dois, é um mundo muito imperfeito, mas para nós funciona, somos esquisitos.
Mais do que tudo na vida, independentemente dos nossos caminhos futuros, quero que ela seja a pessoa mais feliz do mundo, que consiga realizar todos os sonhos, todas as ideias, tudo o que seja para ela o melhor.
Sei que ela quer o mesmo para mim, mas para mim, neste momento quero lutar com ela por isso. Mesmo quando as vezes nos fazemos chorar um ao outro, mesmo que nunca vejamos o sol. Ela pede sempre desculpas antes.
Ambos aprendemos a escolher a sermos felizes e a não ter apenas a razão. Sei que ainda tenho muito para aprender com ela. Às vezes penso que todo o tempo será pouco para tanto, mas ela diz que é o suficiente. Eu acredito.
O amor, é isto. Se alguém disser que não é, não tem problema, eu sou muito feliz a viver o nosso amor. Quero criar a nossa, a minha história junto da pessoa mais maravilhosa que conheci até hoje, e que conhecendo todos os dias.
Nunca acreditei em sorte, nem no destino, mas hoje, posso dizer que se foi isso que nos juntou, estou mais que agradecido por isso.
Que nos próximos dias, os nossos corpos, a nossa alma e o nosso coração possam unir-se cada vez mais, até serem um só, ainda mais do que já são hoje. Amei-te muito, amo-te mais, amar-te-ei sempre.
Serás sempre o meu bloco de notas, a minha confidente, a minha amiga, a minha namorada e acima de tudo, a minha mulher. És um orgulho para mim.


                                             Casas-te comigo ?

A tempestade do pensamento

Todos os dias dou comigo a pensar em questões para as quais não tenho respostas, nem tenho um tempo para as arranjar. De certa forma, o correto deveria ser esquecer todas essas dúvidas para não atormentar o meu dia, a minha noite, a minha vida. Não não existe explicação para tal coisa, como para tantas outras. São coisas que não tem sentido. Sabes quando te prende a voz? A tua cabeça gira à volta de um labirinto que não tem saída? A tua cabeça transforma-se numa tempestade, a alma forma remoinhos de vento, a cabeça é um labirinto, os olhos são apenas a chuva. As palavras? Essas são eternas pedras no caminho da vida, da minha. Os sonhos onde estão? Continuamos na fase da natureza, tudo normal. Isto é, olhas para o chão, vês apenas folhas das árvores, que são esses os meus pensamentos, deitados no chão por incertezas, não tenho coragem de os varrer nem reciclar. Suponho que vá ter um inverno prolongado pela frente. Neve de emoções, chuva de obstáculos, pedras de desilusão, granizo de luta diária. Todos temos os nossos dias, todos temos as nossas noites, todos temos as nossas quebras. A minha maior quebra és tu. Meu amargo e doce amor. Continuo aqui na contradição do correto e do errado. Tenho horas do meu dia que são mais vazias que o copo que tu queres que encham, mas tudo isso é passado em vão, são esperanças ausentes de uma vida melhor. Adiante.. Tenho sonhos, tu tens sonhos, todos temos sonhos. Os meus sonhos, são de saudade, talvez, são de esperança. são de luta. Mas como o próprio nome diz, SONHOS.